domingo, 29 de agosto de 2010

Eu estranho


Estranho o estranho acontecer,
Calcando os pés gigantes, na Paz,
Eliminando a verde esperança,
Como quem, impiedosamente,
Pisa na grama dos jardins.

Estranho não ouvir mais
O canto do pássaro estranho
Que eu não conhecia, jamais antes vi
E que pousava, todas as manhãs,
Nas árvores (já tão estranhas) do meu jardim.

Estranho ver as pessoas correndo,
Assim, apressadas, irritadas, stressadas,
Pelas ruas desta cidade
Tão agitada e medrosa,
Como fugitivos, da guerra a fugir.

Estranho quase não ver o mundo
Em sorrisos dar bom-dia,
Estender mãos cálidas e macias,
Distribuir abraços, desejar estreitar laços
E amar tudo e todos, ao redor.

Estranho a vida se estranhando,
Fechando portas, trancando janelas,
Gradeando jardins, cercando-se...
Prisioneira, em castigo, por ser amiga da Paz.

Estranho ver o meu irmão ser castigado,
por ser bom,
Ver alguém ser livre, por ser mau...
Serei eu a estranha, por aqui?
Será estranho, eu estranhando a vida, assim?
Mas, eu estranho...

4 comentários:

  1. Minha doce amiga
    Também me sinto uma estranha no ninho atual...
    É, de fato, tudo muito estranho!
    Tenha ótimo Domingo cheio de paz (não estranha ao que amam)...
    Abraços fraternais

    ResponderExcluir
  2. Lindo poema!
    As vezes a vida é estranha mesmo...

    ResponderExcluir
  3. Minha querida
    Um lindo poema, por vezes a vida é mesmo assim.

    Beijinhos
    Sonhadora

    ResponderExcluir
  4. Rosélia, muitas as vezes que sentimos estranhos onde estamos, mas cabe a cada um de nós encontrar um verdadeiro lugar, onde sentimos em paz e em sintonia conosco mesmo.

    Alegria a muita Paz

    ResponderExcluir