sábado, 30 de outubro de 2010

A Poesia e a Alma

Poesia e alma
apoiam-se: campo e luz.
E, quando a alma se agita
e torna-se árida e deserta,
sobre ela resplandece a luz,
a banhar-lhe o ventre,
fertilizando entranhas
e, delas, fazendo brotar flores campestres,
a embelezar o tempo,
a perfumar o vento,
a encantar os passantes.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Partida

Amigo, estou partindo.
Levo como bagagem,
lembranças de ti,
Mas... tenho que partir.

Vou revestida de esperança,
em anseios de felicidade,
a buscar o que, há muito, perdi.

Vou ao encontro das árvores
E do cantar dos passarinhos,
que, pelos campos ressoam,
da aurora ao entardecer.

Quero, preciso escutar
o canto da Natureza,
a ela me abraçar,
em beijos crepusculares,
saudando o alvorecer.

Preciso, necessito contemplar
o silêncio do tempo,
o aroma das flores
e o barulho do vento,
a me sussurrar segredos.

Devo descobrir o Amor,
com ele, lado a lado, caminhar,
Espalhar-me pelos campos
e reaprender a beber a água da chuva.

Preciso reencontrar o sonho
e, com ele, sonhar,
caminhando rumo à terra dos enamorados,
seguindo as pegadas das flores.

Anseio encontrar a Paz,
Saudar a ternura
e descansar
nos braços de cachoeiras e cascatas.

Amigo, estou a partir.
Sei que saudades vou levar,
mas, já me espera o barco da Esperança
que veio me buscar.

Carregar-me-á,
cercado por aves, no ar,
por baleias, no mar
que, comigo, migram,
em busca da Paz.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu, solidão

Eu, solidão,
Riacho invsível, lentamente,
atravessando vales,
entrecortando precipícios,
buscando a nascente
de um coração.

Eu, solidão,
Silêncio cantado,
instigado, observado,
a desembocar no deserto,
a explorar porões.

Eu, solidão,
Em meio ao silêncio aflito,
a desembainhar mil gritos,
a mergulhar-se em canções

Para esquecer a rispidez do tempo,
para amenizar irados gritos,
para suavizar corações em atrito,
para compreender incompreensões...

Eu,
Solidão.

sábado, 16 de outubro de 2010

Ainda não sei

Não sei...
Por mais que tenha indagado,
Não sei o conceito de mim.

Mistura de sonho e realidade,
Um suspiro de saudade
suficado, no peito,
como que a dormir.

Não sei...
Ainda não sei
desta estranha mistura,
braveza e ternura,
sombreando uma sede profunda
de descobrir.

Descoberta...
mergulhada em calado vento,
agitando-se sobre intranquilas ondas
em passos de prosseguir.

Não sei...
Não sei da estranheza,
diante deste mundo,
Iinquietação, a gerar, em mim,
esses inquietos passos, em pegadas leves
sobre gramas de jardins.

Não sei, nada sei
desta ilha escondida,
sobre o mar estendida
Em destino de solidão.

domingo, 10 de outubro de 2010

Acalma-te!


Acalma-te, coração
E confia.
Confia e siga
Siga em Paz.

Fortaleça a tua Fé,
Na Palavra que te guia,
 certeza que te orienta
e se confirma, sempre, aos que creem.

Acalma-te, coração,
Não temas!
Não te agitas,
ante o barulho, lá fora,
ante estardalhaços, gritos e tempestades,
Porque o Senhor teu Deus
É forte o bastante para te defender.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Outrora





Outrora, fui pássaro livre

Que se movia por entre as nuvens,

Pairava no espaço

E buscava, sempre, a árvore mais alta.

.

Outrora, como pensamento, percorri sozinha

Os limites do tempo

E encontrei homens bons

E encontrei homens maus.

.

Outrora, entre o voo e o pouso,

Perdi a minha liberdade

E, aprisionada, cantei cânticos sofridos,

Canções choradas,

Enaltecendo os meus algozes.

.

Outrora, reconsquistei a minha liberdade,

Quebrei as cadeias

Que me algemavam a alma

E voei.

.

Outrora, pousei em mar aberto,

Conversei com baleias, sereias...

E entre ondas agitadas

Fui amiga do mar.

.

Outrora, aceitei a paixão,

Entreguei o meu coração,

Mas, ao sentir o entardecer

Tive que abrir as asas

E, novamente, voar, voar, voar...

.

Abri novamente as asas,

Movendo-me como águia

Entre as montanhas e as noites,

Buscando abrigo encontrar.

.

Com pálpebras firmas,

Agarrei o fogo com as mãos.

Fui corrente do rio sem fim,

Profundezas do mar.

Que o fogo não pode atingir

Que o fogo não pode queimar.

.

Sou, pois, hoje coração caminhante,

Pousando sobre a relva,

Quando me deixam pousar,

Sobrevoando o céu,

Em busca do meu destino,

Ainda por desvendar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Grito


Há um grito que grita
Fora!
Há um grito que grita
Venha!
Há um grito que atravessa florestas
Há um grito que faz
os rios, em esperança, sorrirem.
Há um grito divino que grita
Lutem!
Há um grito que devasta temores
Unam-se!
Há um grito de desejos, esperança e querer,
querendo explodir.
Caminho de chegada,
Avante, Brasil! Ainda gritarás
Vitórias, por fim!

Sede

Tenho sede de palavras
Sou riacho sedento,
almejando o mar.

Sou passarinho engaiolado,
batendo as asas,
querendo voar

Sou caminho
eterno,
a caminhar.

No fundo do meu coração,
grita o desejo de partir.
Há uma onda de anseios, prisioneiros,
a mover-se, em mim.

Há uma força
acorrentada,
querendo regressar...