domingo, 29 de março de 2009

Irmã (In) Poesia

Para Úrsula Avner
O canto que canto
É o canto que o teu canto
me faz cantar.
Quando, ao longe, escuto o teu cantar,
minh'alma se põe a navegar.
E, por entre mares bravios
Ou oceanos desertos,
A solidão chegando...
Fico quieta, teu canto a escutar,
pensando já,
que, por algum motivo,
estás, nos teus versos,
a melodiar.
Então, me encho de vozes
e lanço o canto no ar.
Festejemos, pois,
E cantemos
O nosso canto, em todos os cantos, num só cantar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Indefinido


Há, em minha alma, uma busca permanente
de um elo perdido,
deixado no tempo
e que a faz nostálgica buscar
um lugar esquecido
mas, que não permite a procura olvidar.
Há, em minha alma, uma sensação de procura e espera saudosa
que não se decifra,
não lhe conta segredos
e que a origem não consegue achar.
Saudade do que não se foi, lembrança não lembrada, sensação inquieta,
vazios sem motivos (?),
desejos de algum lugar.
Há, em minha alma, saudades não sei de que,
lembranças não sei de onde,
que bate assim, de repente, e
não se sabe explicar.

Onde Está?


Por onde anda o plantador de sonhos,
Que aqui deixou a brotar flor tão pequenina?
E não retornou para regar?
Por onde anda o realizador de idéias
Que lançou palavras no ar
E não retornou para cumprir o texto,
Produzir a fala e o sentido concretizar?
Por onde andam todos os plantadores de esperança,
de alegrias e belezas
Que aqui deixaram-nas, espalhadas pelo ar?
Em ti.
Respondeu-me o que vive a esperar.
Só em ti e na força do teu querer,
É que tudo se pode realizar.
E desde então, estou,
como todo ser humano,
A pensar...

Nãi sei se canto

Não sei se canto.
Não sei se devo cantar.
O meu canto é o canto
De quem quer chorar.
Não sei se canto.
O meu canto pode ser um canto
Não cantado.
O meu canto
Pode estar estagnado,
na garganta do grito estridente
Que quisera proclamar.
Não sei se canto.
Posso já não saber cantar.
E nessa onda de
Desencontros, angústias e incertezas,
No meu canto, chorar.

Jardim


Sonho com um jardim,
Plantado, cravado,
Dentro do coração do homem.
Sonho com um jardim florescendo,
Em cada amanhecer,
Renovando-se,
No coração do homem.
Sonho com um jardim
Com flores festejando,
Árvores brotando
E pássaros cantando,
Dentro do coração do homem.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Buscar em Mim


É em mim, Senhor, eu sei.
É em mim que eu tenho
Que buscar esse som,
Encontrar esse tom
E a música orquestrar.
É em mim
Que eu tenho que apoiar,
É nos meus galhos
Que se fincam esses caules
E, neles, sustentam-se as flores
Que eu devo ofertar.
É em mim
Que eu devo encontrar
O tom, a melodia certa
Para, em mim mesma,
A alegria firmar,
A Paz alimentar.
É de mim
Que deve sair a palavra,
na medida exata,
Já que decidi falar.
É em mim
Que também deve estar a escuta,
A presteza absoluta
Para ouvir os outros cantarem.
E entender o encanto
De misturados cantos,
Ver o derramamento de encontros,
Encontrando-se, num só cantar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

PAI

Antes de ouvir o que tens a me dizer,
Quero te falar dos meus sonhos e esperanças.
Falar-Te do meu coração cansado,
mas esperançoso em Ti
Que vive sempre , na imensidão do tempo,
a buscar-Te, dentro de mim.
A buscar-Te vivo, no barulho do vento
Que atira folhas sobre o meu telhado,
Na dália transplantada que, pouco a pouco, revive
Na esperança de um dia sentar-me, diante de Ti
e falar de mim.
Das minhas fraquezas, do meu amor,
das minhas saudades
E de como o anseio da minha alma
foi, pouco a pouco,
Aprendendo a esperar o Teu tempo,
a esperar por Ti.
Quero mais ainda Te falar e Te pedir:
Que, no silêncio desse amanhecer, abra as portas do céu
e derrama a Tua Graça
e a Tua Paz
sobre mim.

Interrogação

Se eu atingir a plenitude do tempo,
Encontrarei o que procuro?
Ou ainda terei que mais caminhar,
mais caminhos atravessar
para encontrar?
Que lugares devo percorrer
Que caminhos tenho que vencer
Para a resposta encontrar?
Que meios, tempo e distâncias
alcançados, desbravados
Poderão me responder?
Que sequências de espaços,
Que ritmados passos
Permitirão encontrar-me
Sem ter que perder o caminho?
Que respostas terei
Entre o tempo e o mundo
que possam preencher
Esse espaço profundo
Entre a inquietãção infinda
E osentido da resposta perdida,
E o silêncio da pergunta não proferida?

Vagar

Vagar por entre sonhos
Outra vez, vagar.
Buscar estrelas cintilantes,
Caminhos inatingíveis
Até perder-se no mar.
E perpetuar a caminhada,
Querer a palma da mão
Tocar, sentir, buscar.
E prosseguir,
Outra vez, caminhar.
Busca incontida
Espera enternecida,
Tentativa repetida,
Vagar...
E o vazio preenchido
de indagação:
Onde está?
E a mente interrogando, buscando:
O que será?
É por entre rumos sem fim,
Onde se procura um novo céu.
É por entre aberto caminhar
Que se desvenda os véus.
E se descobre a hora de chegar
Para confirmar
que ainda não é hora
de parar e descansar.

domingo, 8 de março de 2009

Não é Justo Reclamar


Vagava por entre imensidões perdidas,
Perdia-me na desesperança incontida,
Quando vi...
Vi, por entre rochas, firmadas em terra ressequida, uma flor a brotar.
Suas pétalas, tão firmes, suas folhas tão verdes a balançar, sorriam para o Sol.
Não o censurava, sorria.
Certamente que por sob uma superfície tão árida, criaram forças as suas raízes, para mais profundamente encontrar água e alimentar-se.
Vi o rio atravessando campinas, driblando obstáculos e, lentamente, seguindo o seu destino.
E vi uma ave, pousada por sobre uma árvore, floresta em chamas, a cantar.
Vi um camponês sedento e cansado, colhendo frutos maduros para outros alimentar.
Vi uma mulher faminta e só, com o filho, no colo,a amamentar.
Vi a força vencendo a terra, vi a terra vencendo ataques.
Vi a Natureza determinada, mas tranquila, por entre labutas e dificuldades, a cantar.
Sentei-me, então,. E, longe do mundo dos homens e de todos os seus códigos, convidei a minha alma para conversar.
Calamos, após, as nossas vozes.
Levantamo-nos, em silêncio, mas como em canção e voltamos a labutar.

sábado, 7 de março de 2009

Falam-me Sobre o Amor

O amor que alguns rimam com a dor
O amor que muitos buscam nele um objetivo ímpar.
O amor que decifram como companheirismo e alegrias...
O amor.
Há quam ache que o amor é um estágio (duradouro ou não) repleto de sonhos suaves, a realizar-se dia após dia
O amor...
É todo isso. Mas, é, principalmente, mistério.
E como nos diz Gibran, o amor que procura coisa qualquer que não seja a revelação de seu próprio mistério não é amor, mas uma rede lançada onde somente o inaproveitável é apanhado.
Porque o amor é, acima de tudo, acréscimo e pura beleza.
Porque amor, como beleza, é coisa que começa no recôndito da alma e se expande em algum lugar, além da nossa visão.

A Academia e Eu

Tentei buscar, na Academia, a personalidade adquirida.
Amar a poesia, na intelectualidade conquistada.

Não conquistei a Academia e não fui conquistada.
Há, em mim,o instintivo simples do ser, que inserido está, mesmo antes do meu humano começar.
Uma onda quase imperceptível,
Percebida por outros seres,
Mas não por um simples olhar.
Onda inspirada em desejos e sonhos de gritar,
Que explode, empurra sentimentos, sensações, pedindo para falar.
A intelectualidade, esmagada pela simplicidade do meu ser, fugiu,
confirmando, em mim, a simplicidade do meu ser.
Tão simples assim, palavras simples, compreensíveis em mim,
Mas que só alguns corações conseguem entender.
Só os corações que conseguem ouvir, no balbucio de uma criança, o grito de toda a humanidade.
Só os corações que enxergam, numa simples árvore caída, o sangrar de toda a floresta.
E no abandono de cada cão, no olhar de cada abandonado ser,
o sangrar de todos os corações - humanos(?) - perdendo-se, na iludida e invisível
indiferença dos seres.

sexta-feira, 6 de março de 2009


Meu Anjo

Quando a tristeza chega
E minh"alma quer esvair-se
Em plena tristeza e solidão,
Mergulhando em dores o meu coração,
A perguntar-me
O que está fazendo aqui,
Alguém de mim se aproxima:
Meu filho
Chega de mansinho, olhos fitos em mim.
Olha-me, nos olhos, me abraça,
Inunda-me,
Transborda o seu rio de Amor em mim,
Como à minha alma responder.
E me sinto mãe, amiga, irmã
Deste meu pequeno grande ser,
Já tão adulto...
Ainda, tão meu menino para mim,
Sempre a me proteger,
a me fortalecer,
Meu filho,
o anjo que Deus mandou para mim.
Ergo, então, os olhos para o meu Deus,
A pedir perdão,
A agradecer,
Sentindo, através do meu filho,
A sua mão sobre mim.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Não Me Tirem os Sonhos

Não me tirem os sonhos,
Deixem-me sonhar.
Quero ser irmã da Poesia,
Quero, em seu mundo, navegar.
Não me tirem os sonhos,
Deixem-me acreditar
Que através dos meus versos,
Posso um mundo novo encontrar.
Não me tirem os meus sonhos.
Enquanto sonho, sou poeta,
Sou busca e sou cantar.
Enquanto poeta,
Espero, com o meu canto,
Afugentar as dores
E só o Amor proclamar.

domingo, 1 de março de 2009


Amor e Paz para todos!
SEJAM BEM VINDOS (AS)
E, MUITO OBRIGADA PELA VISITA !

Vejo o rio


Contemplo o rio
Calmo e tranquilo,
E penso nos homens,
comparando-se ao fogo,
quando querem exaltar-se.
O rio caminha devagar.
Penso nos homens apressados,
Querendo chegar a lugar nenhum,
Querendo o percurso dos rios parar.
Vejo o rio
E penso no deserto
Dos corações humanos,
Sozinhos,
Por não saberem caminhar.
O homem não percebe
O rio,
Percorrendo caminhos,
Vencendo obstáculos,
Cruzando vales e montanhas,
Calmamente,
Até alcançar o mar.

Espírito Santo

Doçura e Amor,
Ternura e compreensão,
Gurdião e conselheiro,
Dono do Saber,
Gerador das boas ações
És força e razão,
Sabedoria e gratidão.
Espírito do meu Senhor,
Meu amado consolador,
Enxugue as minhas lágrimas!
Seja o Senhor e o dono
das minhas ações,
Controlador das minhas emoções.
Sara o meu coração,
Fortaleça o meu espírito!
Ampara a minha alma,
Ensina-me a ser perdão
Amor e aceitação.
Seja o meu guia,
fortalecedor
de todos os meus passos,
Meu amado protetor!
Gera e ilumina
a minha mente,
Seja luz em mim,
Ensina-me a amar,
compreender e perdoar...
Não desistas, nunca, de mim,
porque eu Te amo.

Gosto

Gosto
quando o meu coração
Cria asas
E alcança os céus.
Gosto
quando o silêncio fala de mim
E ouve o meu coração
A falar.
Gosto do silêncio,
porque ele me escuta,
Dá asas à minha imaginação,
Permite-me, nos ares, flutuar.
Gosto deste silêncio
Que me faz ave gigante,
Deixa explodir,pelos ares,
Minh'alma cheia de voos,
Pelo espaço a navegar.
Gosto de falar comigo,
Me escutar
E ouvir a acolhedora voz do silêncio,
A me aconselhar.
Gosto de escutar este silêncio,
Despertando pássaros,
Em mim adormecidos,
Fazendo-os voar.
E o canto do vento,
Misturando-se ao siloêncio,
Balançando, sobre a minha janela,
palavras soltas
Que emigram não sei de onde
E vêm, num uníssono canto
Direto, pleno, divino,
com o canto desse vento,
Sobre mim, inteira, pousar.
Gosto!

Assim vivo

Vivo porque tenho esperança
De ver chegar o dia
Em que vou viver
Definitivamente, a sorrir.
Vivo porque a cada dia
Deus me concede
a Graça de saber esperar.
Vivo como quem crê
e espera,
Porque preciso viver,
Porque sei que não vivo
Só para mim.

Poema Desejar


Queria escrever um poema
tão belo que se tornasse transcendente
em todas as palavras,
a síntese do que há na beleza,
do mais belo de todo o belo.
Que fosse canção e ventania
perfurando o espaço,
metafísico no tempo,
percorrendo o além
de todos os aléns,
produzindo e explodindo sonhos
para em realidade transformar-se.
Um poema assim,
Meio mágico,
Inebriante,
Capaz de transformar,
transcender, transfigurar.
Queria escrever um poema
Agramatical.
Tão somente emocional
Perfurando silêncios,
Derrubando etiquetas,
Quebrando exterioridades.
Um poema jorrando palavras
Cheias de pura linguagem
Entendida, decifrada pelas estrelas,
Contemplada pelo luar,
Decodificada apenas
por aqueles que sabem amar.
Mas, um poema
que, desvendando tudo,
transbordasse em luzes,
conquistasse exploradores perdidos,
indicando-lhes caminhos,
dando-lhes desejo de cantar.
E que, nesse desejo, brilhassem
como peixes, no fundo do mar.
Queria escrever um poema
Sem tristeza alguma.
Que fosse apenas louvação
Por um tempo espetacular
Em que o amor fosse
Habitante comum,
de todos os dias,
Em todo lugar.
Queria escrever um poema
Que fizesse do simples riso
o mais sincero sorriso
A saudar.
Que brotasse em tempo de plantio
E, na colheita abundante,
Fossse, somente, um nome em cada boca,
Nome de sonhar,
Em tempo de concretizar.
Queria escrever um poema
que, como o arco-íris,
surgisse, tomando o céu,
estampando por entre cores
um nome de lugar.
Lugar antes imaginário
Agora, real, habitado.
Lugar cheio de todos nós,
Sonhado pela nossa paz,
Chamado Felicidade sempre,
Tristezas nunca mais.