quarta-feira, 30 de setembro de 2009

GIGANTE


Gigante, não tomes a favor
o que não te pertence,
Cuida dos filhos teus!
Deixa os filhos alheios
Pelos seus próprios serem cuidados.
.
Ama primeiro os teus filhos.
Sacia-lhes a fome
E, só depois,
Poderás de outros filhos cuidar.
.
Gigante, olha ao teu redor!
Vê quanta dor,
Vê quantas lágrimas,
por aqui a rolar!
.
Escuta, Gigante, os gritos dos teus filhos,
Violentados, esfomeados de justiça,
adoentados, injustiçados pela violência...
.
É sobre eles que o teu amor,
a tua solidariedade
Deve, antes, derramar-se.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quem Sou


Sou sol e chuva,
Brisa e tempestade.
Sou vento leve
que carrega marés
e força incontida que
as arremessa na praia.
.
Sou sonho e realidade,
Alegria e tristeza.
Sou paz, sou amor.
.
Sou voo sem limite,
sou o limite do voo.
Sou asas querendo voar,
Sou asas a abrir-se sobre o mar.
.
Sou busca infinda,
a impetrar-se por entre colinas.
Sou busca de mar.
.
Sou caminho sem fim,
a caminhar sobre a dor.
Sou cantos de euforia,
Sou do grito o clamor.
.
Sou esperança incontida,
a atravessar a vida...
Eterna aprendiz eu sou.

domingo, 27 de setembro de 2009

O Que Sente o Poeta?


É o poeta um fingidor
Como Pessoa disse para a gente?
Vive fingindo sentir o poeta
Uma dor que ele não sente?
.
Canta o poeta as dores do mundo,
As angústias do seu tempo
E mesmo não sentindo essa dor,
Finge que sente a dor que
os Outros sentem?
.
Canta o poeta as suas dores
E as outras dores também,
Por que, vivendo num mundo de dores,
As compreende muito bem?
.
Afinal, o que diz o poeta
É assim tão real
Ou, às vezes, ele canta seus versos
Sem nada ter de pessoal?
.
Canta o poeta somente
O que sente
Ou também sente o que não sente,
Para a canção sentido dar?

sábado, 26 de setembro de 2009

I Want To Go Home


I want to go home,
I want to go back
To see
My gardens, my beautiful gardens
My home in spring
There, flores will smile to me.
.
I want to go home,
There I can be happy,
There I can see stars,
There I can sing.
.
I want to go back home
Yes, I want
Because there I"m free,
There I can be happy.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu,na Compreensão do EU SOU


Nenhum plano do Senhor
Pode ser frustrado.
E eu creio no plano do meu Senhor!
.
Vou caminhando e esperando
O tempo determinado.
dar-me-á glória, enfim.
Eu sei que a bênção sempre vem.
.
Meu tempo não é o Seu tempo,
Porém, para tudo haverá uma solução.
tranquila espero, no Senhor,
Tranquilo faz-se o meu coração.
.
Calma faz-se a minha fé,
Porque eu sei que Tu és fiel.
Aguardo-Te,
Porque sei quem Tu és.
.
E eu... Quem sou?
Sou aquela que, sendo nada,
Ama o Tudo.
Que, na sua insignificãncia,
Enxerga e sente
O significado do teu Amor.
.
Aquela que Te faz chorar,
Eu sei,
Mas, não por querer,
Só por imperfeita ser.
.
Aquela que luta e espera,
Com paciência e calma,
Revelar-se o tempo
Determinado pelo seu Criador.
.
Que mesmo em completa imperfeição,
tenta não se entregar,
Buscando refúgio no Teu Amor.
.
Aquela que Te vê,
Em cada movimento da Natureza,
Que Te enxerga em cada gesto
de Amor.
Que, pelos campos, Te percebe,
em cada ser, em cada som, em cada flor.
Aquela que, desde o princípio,
Por Ti se apaixonou.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Outra vez


Recantai nova fase,
Redobrai a plantação,
Esperai nova colheita do futuro,
Preparai o canto da Primavera,
Aquecei o vento,
Amparai a brisa,
Honrai o tempo que há de vir.
.
Há flores pelos caminhos
Cravejados de pinhos.
Com cuidado, recolhei-as,
Celebrai a felicidade crepitante
De um novo amanhecer
E a colheita de todos os frutos
Que virão espalhar-se, a vossa frente,
Brilhantes e suculentos,
A encher o vosso pomar.
Crede e esperai!

domingo, 20 de setembro de 2009

Vejo o rio

Contemplo o rio
Calmo e tranquilo
E penso nos homens,
Comparando-se ao fogo,
Quando querem se exaltar.
.
O rio caminha devagar.
Penso nos homens apressados,
Querendo chegar a lugar nenhum,
Querendo o percurso do rio parar.
.
Vejo o rio
E penso no deserto
Dos corações humanos,
Sozinhos, por não saberem
Caminhar.
.
O homem não percebe
O rio,
Percorrendo caminhos,
Vencendo obstáculos,
Cruzando vales e montanhas,
Calmamente, até alcançar o mar.
.
Veja o rio!

sábado, 19 de setembro de 2009

(In) quietude

Inquieta-me
A quietude dessa noite fria,
Soprante, uivante,
Em completa solidão.
.
Uiva o silêncio ao redor,
Grita-me, insulta-me,
Em dó maior,
Pede-me uma canção.
.
E o canto que não vem,
Mudo, calado, por fim,
Luta entre assombros teimosos,
guerreia com o silêncio gritante
Que teima em mover-se, em mim.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Detenha, Senhor!


Detenha, Senhor,
com a Tua força e o Teu Poder,
os transgressores,
os invasores,
os desmatadores,
os corruptores,
os estrupadores,
os sequestradores...
Todos os que, de uma forma
ou de outra,
zombam de Ti,
destruindo a Tua Criação.
.
Detenha, Senhor,
os poluidores,
os supostos transformadores,
os transladadores,
os que ignoram o valor e o significado
das obras das Tuas mãos.
.
Detenha, Senhor,
os que só pensam no poder
e, pensando no poder,
acabam por destruir e destruirem-se.
.
Detenha, Senhor,
os ignorantes
que, ignorando-Te,
destroem a si mesmos.
.
Detenha, Senhor,
os fazedores de guerra,
os insensíveis,
impiedosos da Terra.
Detenha todos eles.
Esses que zombam de Ti!

sábado, 12 de setembro de 2009

Eu, solidão

Eu, solidão,
Riacho, lentamente, atravessando
vales,
Entrecortando precipícios,
Buscando a nascente
De um coração.
.
Eu, solidão,
Silêncio cantado,
Investigado, observado,
A desembarcar no deserto,
A explorar porões.
.
Eu, solidão,
Em meio ao silêncio aflito,
A desembainhar mil gritos,
A mergulhar-se em canções.
.
Eu...
Solidão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Que Toca o Meu Coração

O que toca o meu coração
É o som de todas as vozes do mundo,
Gritando um grito de guerra,
Em desejo de paz.
.
O que toca o meu coração
É a voz do poeta triste e só,
Explodindo em versos rimados
A sua dor.
.
O que toca o meu coração
É crianças pelas ruas,
Mendigando, solitárias
Feitas pedintes, tristes e sós.
.
O que toca o meu coração
É ver abundância e miséria, lado a lado.
Uma, abundante de indiferença, desamor,
Outra, pobre de tudo,
Mergulhada na dor.
.
Toca e fere o meu coração
Ver o mundo sem fé,
Cheio de violência
E tão carente de Amor.
.
Toca e fere o meu coração
Ver a Natureza agonizando,
O mundo se auto destruindo...
Toca e fere o meu coração
Toda ausência de Amor.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pássaro (M) eu


Pássaro de asas partidas,
Já não consegue voar.
Retoma a força,
No desejo de cantar.
Reconstrói o desejo,
Na vontade de retornar,
Anseia pelo retorno,
na ânsia de ressuscitar
Todos os sonhos esvaecidos,
Todos os encantos vividos,
Todas as alegrias perdidas,
Ao sentir do voo o findar.
.
E, pousado sobre o tempo,
Sem espera, sem lamento,
Sente o cheiro do vento
E aguarda o renascer.
As asas de volta a se abrirem,
O voo, sua vida, retomar,
E, por entre paisagens do céu,
Encontrar em cada som,
Em cada ruído, gritado ao léu,
Os cânticos serenos do seu distante lar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Mar


Voltei ao mar.
Silenciosa, passo a passo,
Aproximei-me do mar.
..
Saudei-o.
Falei-lhe do meu amor.
Amo o mar!
.
E ele, tranquilo,
Abriu, sobre mim, as suas ondas,
Abraçou-me o mar.
E eu, feliz, saudosa, deixei-me levar.
.
Entrelaçada, ritmada,
Mergulhei o meu ser,
No mar.
.
Esqueci-me o redor,
Os maltratos, a ingratidão
com o mar.
.
E, agradecida, beijei o mar.
.É doce rever o mar,
É doce amar o mar!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Que é Que a Bahia Tem

Eis aqui, a antologia da Litteris Editora,
reunindo escritores de várias cidades
da nossa Bahia.
Sinto-me imensamente honrada em ter participado desta antologia com o
texto A Bahia? Tem Magia, (página 13), alcançando o segundo lugar.
Espero que todos possam lê-lo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Se Eu Fosse para Passárgada

Se eu fosse para Passárgada,
Chegaria num arco íris,
Pousaria em férteis campos,
Cercados por cânticos, a florir.
.
Descansaria por sobre a relva,
Não montaria em burro bravo,
Voaria nas asas de um colibri.
.
Ouviria riachos, cachoeiras,
Saudaria as verdes árvores
E lhes contaria histórias
Que, da minha avó, ouvi.
.
Conversaria com os animais,
Perguntaria sobre a vida deles, por lá.
Dir-me-iam, com certeza
Que são mais amados que os de cá.
.
Se eu fosse para Passárgada,
Iria visitar o mar.
certamente, ele me diria,
Que poluição não existe, por lá.
.
Deitaria, lá na praia,
E logo o sol viria me abraçar.
Dar-lhe-ia, então, bom dia
E com ele começaria a conversar.
.
À noite, lá em Passárgada,
Eu iria passear.
Atravessaria bosques e florestas escuras,
Porque noite medrosa não existe por lá.
.
Veria o luar beijando a relva
e a relva, com verdes palavras,
Enchendo o meu caminhar.
.
Lá, tudo é canto e poesia.
A Paz e o Amor pairam, no ar.
Por isso, se eu fossse para Passárgada,
Não quereria mais voltar.
.
Lá, eu seria amiga do Sol,
das estrelas e do luar,
Seria irmã de cada animal
E companheira de rios e de mar.
.
Lá, o sol e a lua se beijam
Como não se beijam aqui,
Porque o ar que os envolve
Ninguém ousa poluir.
.
As florestas abraçam rios
E ninguém os arranca de lá,
Porque entendem como Natureza,
homem, céu, terra e mar.
.
Os rios abraçam os campos
Que, aqui, o homem deixa em pranto.
Os pássaros fazem serestas inteiras
E a todos envolvem com seus cantos.
.
A natureza é uma festa.
Em Passárgada, não há dor.
O homem pula, canta e dança,
Sem espantar uma flor.
.
Se eu fosse para Passárgada,
Certamente, não escutaria
o choro de nenhuma flor.
Não veria pássaros perdidos,
seus ninhos destruídos, por puro desamor.
.
Não mais veria um cão sofrido,
pelas ruas a vagar.
Árvores tombando, em gritos,
a eclodirem-se, no ar.
.
Se eu fosse para Passárgada,
Lá, eu seria aquilo que sou.
Lá, eu seria também festejada,
nunca desprezada,
por ser amante da Natureza
e companheira do Amor.


(Imagem retirada em http://www.glimboo.com.br/ (desconheço o autor, mas com ele concordo plenamente)