segunda-feira, 25 de junho de 2012

LOUVO



Enfim, vive-se de sonhos?
Planta-se sonhos risonhos,
por entre gritos chorosos, no ar?
Afinal que antítese é essa,
... ou parodoxo, entre a vida e o sonho?
Que quer a vida nos provar?

Provo-te, então, sou forte,
persistente até a morte,
Não me deixo abalar.
Se há no meu ser um grito,
um querer de sonhochorar,
canto o canto desta voz,
querença de todos nós:
seguir, lutar, vencer, louvar.

Louvar a força que nos alavanca,
em momentos de desesperança,
Louvar o Ser que nos agita, nos balança
e nos faz prosseguir, no caminhar,
Louvar o Deus vivo, onipotente,
Senhor de todas as vertentes
que nos faz o mar atravessar,
Louvar o Deus amoroso, bondoso, misericordioso,
mas que, também, é Deus de batalhas vencer,
de vitórias concretizar.
A Ele, sim, louvar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Saudades


Sinto saudades do canto de bem te vis, a saudar a manhã, a cantar o repetido canto, despertando sonhos, revivendo lembranças, em minha alma.
Sinto saudades do revoar de pardais em pouso lento, partida agitada, às vezes dissimulada, fingindo o voo pleno para, a seguir, pousar sobre as árvores do meu quintal.
Sinto saudades de mim, em tempo de espera, a guardar o tempo propício, enquanto, como pássaros, fazia ninhos, no meu coração, a esperança, sempre a sonhar.
Sinto saudades de mim, eu, ainda, alma menina, em dura sina, a rebuscar o meu tempo perdido, noutro tempo, sem abrigo, que não ouve e já não me permite, meus brinquedos e fantasias amar.
Sinto tanta saudade do meu lugar...

Não são meus



Estas lágrimas derramadas,
esta dor indignada,
este canto tão calado,
esse desejo já tão desacreditado,
não são "coisas" de mim.

São restos encontrados pelo caminho,
poluídos resquícios de outros ninhos,
dos que pousaram e se juntaram
para sujar o meu jardim.

São aves estranhas, sem nomes,
a cruzar os mesmos caminhos,
e deixar, devagarinho,
destruídos os encantos,
devastada a beleza,
pondo-me a chorar assim.

Volte tempo, reconstitua
a vida, a infindável beleza
deste meu jardim.
Encante-me, outra vez,
o meu coração encante,
antes que a tristeza mate
e enterre para sempre
este solitário colibri.