terça-feira, 28 de junho de 2011

Raptada

A poesia veio me buscar
.Arrancou-me, doce e lenta,
do labirinto dos meus sonhos incompreendidos
e levou-me consigo,
sem dar-me chance alguma de retornar.

Antes, estava eu perdida.
Desconhecida de mim mesma
Não compreendia porque a dor canta,
o sorriso chora.
Não entendia o que, em mim,
se revolvia, a toda hora.

De repente,não sei como nem de onde,
A Poesia veio me raptar.
Surgiu como doce explosão, sem me avisar.
Encarou-me absoluta
Veio me raptar.

Desabrochou, então, em mim, o antes desconhecido
O sentido do sentir, o sentido do olhar.
Os impulsos, antes queridos, porém, não entendidos
E essa vontade de voar.

A poesia veio me buscar.
Ensinou-me a concretizar e aceitar o meu destino.
Seguir a minha sina de sorrir, falar, gritar, chorar lutar,
e, sempre, amar.

Apresentou-me, a mim, sorrindo
Ensinou-me que o Amor bonito, sempre, está a nos guiar.
E que essa onda que me invade, mistura de alegria e dor,
aceitação e indignação, sorrisos e lágrimas,
também se chama AMOR.

Desatei-me, pois, a correr, atrás desse mistério,
encontrando-me e me perdendo, para
voltar, depois,  a me encontrar.
Porque a Poesia veio a mim se apresentar,
Falndo-me do grito contido e da força incontida
que luta em espalhá-lo, pelo ar.

E desse  meu coração, em vontade de cantar.
E dessa onda gostosa, que me toma e me sufoca,
ao ouvir a sua música , no ar.
E a lágrima que rola, quando vejo ou escuto
o lamento solitário de colibris e sabiás.
E o voo medroso, ligeiro, dos bem te vis,
por mim a passar.

A Poesia veio me buscar.
Mostou-me que a ela pertenço
E que, neste mundo imenso, a ela devo escutar.
A poesia, pois, raptou-me.
De pronto, estendi-me indefesa, em seus braços,
como se estende o rio, em direção ao mar,
ciente do seu destino, de que não pode recuar.
Segue, assim, vagaroso e lento,
 conformado,
no banho do vento,
por vezes intranquilo jamais desatento,
Segue,  assim, como girassóis, 
em  atento e nítido olhar,
A eterna busca do chegar.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Murmuras?

Que pretendem os murmúrios deste tempo?
Acovardar-me para o recuo?
Endurecer-me a alma,
arrancando-me a brisa?
Preparar-me para a batalha,
sugando-me a ternura,
tirando-me o brilho das manhãs?
Encorajar-me para uma luta,
recheada de hipocrisias,
ausentando-me do Amor,
negando-me a dádiva?

Que saiba este tempo
e seus temores,
Não desisto de amar.
Que, em tempos de horrores,
minh'alma voa, por sobre as montanhas
e, lá, por longo tempo, vive,
para retornar fortalecida, plena  (pequena?)
 engrandecida,
como, diante do sol, põe-se o luar,
Repleta de vontade de ser e estar.

Não me tirarão a doçura,
Não me matarão a ternura.
Ouso, a cada instante,
Bravejo e sorrio.
Puro silêncio absoluto,
em afago aos corações que amam,
em apelo
por paciência e espera
Enquanto o véu não se levantar
(e cair).

sábado, 18 de junho de 2011

Ainda não sei!

Não sei.
Por mais que me indague,
Não sei
o conceito de mim.

Mistura de sonho e realidade,
um suspiro de saudade,
sufocado, no peito,
como que a dormir.

Não sei,
ainda não sei
desta estranha mistura
de braveza e ternura,
sombreando sede profunda e pura
de querer descobrir

Não sei,
não sei da profunda estranheza,
diante deste mundo tão estranho...
Inquietação a gerar, em mim
e desses inquietos passos,
em pegadas cautelosas, leves,
sobre gramas de jardim

Não sei,  nada sei,
desta ilha escondida,
sobre o mar estendida,
em destino de solidão.