sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu Creio

Eu creio
nas pessoas que amam o verde,
naqueles que amam todas as cores
e afagam o cão.

Eu creio naqueles
que estendem o seu conceito
de vida,
para além das suas vidas
e a veem na gota de orvalho
e no nascer de cada manhã.

Eu creio nos que brincam
na chuva,
acreditam na bênção contida,
em cada gota
que se esparrama pelo chão.

Eu creio
naqueles que creem
e que caminham pela vida,
como a cantar, no peito,
oculta canção.

Eu creio
Eu creio em Ti,
Provedor de todo o meu crer,
plantador de Esperança,
semeador de luz,
em nossas vidas,
Meu senhor, Senhor
de invisível Beleza
que, em cada amanhecer,
revigora-se
e se espalha,
dentro do meu coração.

sábado, 12 de março de 2011

Caminhada

Atravesso as ruas da minha vida, esgueirando-me entre sonhos adormecidos, em medo profundo de acordá-los.
Antevejo-lhes, em burburinho, ao despertar, e os olhos tristes e calados da minha espera, ao chegar o anoitecer.
Deixo-os, pois, agora, repousar e sonhar com a manhã.
Sonham os sonhos meus com flores enfeitando janelas, pássaros entrevoando as árvores - tão belas -, orquestrando, enfileirados, o meu jardim.
Deixo-os sonhar. Sonhar um pouco mais o sonho sonhado só por aqueles que sonham com o amanhecer.
Deixa esta noite passar eo acordá-los-ei, revestidos de luz e encanto a vibrarem de alegria, a cantarem a esperança deste meu viver. Então, fá-los-ei sonhos, ajud-a-los-ei a caminhar.
Não acamparão mais pelos caminhos, não lhes alcançarão mais os estrondos da noite nem os risos do Não. Haverá sempre uma manhã a lhes proteger.
E, sob os raios do sol, sons de cachoeiras e cheiros dde florescer, erguer-s~e-ão por sobre trilhas, em relvas verdejantes crescerão e frutos darão os meus sonhos, sonhos meus, tão cansados de perecer.

domingo, 6 de março de 2011

Mulher ao Espelho

Cecília Meireles


Hoje que seja esta ou aquela,

pouco me importa.

Quero apenas parecer bela,

pois, seja qual for, estou morta.


Já fui loura, já fui morena,

já fui Margarida e Beatriz.

Já fui Maria e Madalena.

Só não pude ser como quis.


Que mal faz, esta cor fingida

do meu cabelo, e do meu rosto,

se tudo é tinta: o mundo, a vida,

o contentamento, o desgosto?


Por fora, serei como queira

a moda, que me vai matando.

Que me levem pele e caveira

ao nada, não me importa quando.


Mas quem viu, tão dilacerados,

olhos, braços e sonhos seus

e morreu pelos seus pecados,

falará com Deus.


Falará, coberta de luzes,


do alto penteado ao rubro artelho.

Porque uns expiram sobre cruzes,

outros, buscando-se no espelho.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Nordeste

Tantos estados, tanta gente,
berço da colonização,
Ainda hoje, sobre ti,
emitem errôneas opiniões.

Tu és o meu Nordeste,
terra de tantas riquezas,
Tu és, sim, o Nordeste,
a cobrir o Brasil de belezas.

Teu povo, tão povo, tão forte,
lutador,
A vencer dificuldades sobre a dor,
A cantar seus cantos de amor,
A enfrentar alheios desamores,
Por entre lágrimas,
sorrisos e cantos caminha,
A afugentar as suas dores.

Tu és antítese sobre a vida,
A criar sorrisos, no pranto,
A brotar da terra árida, ressequida,
poços imensos, profundas jazidas,
Terra de encantos.

E vais tu, sempre, a passos largos,
servindo a gente impiedosa
que da sua seca faz indústrias,
da tua dor faz seu lucro,
dando-te tapas, em vez de rosas.

O teu mar, então... Ah, o teu mar...
Contempla-te e tranquilo te acena
pelos caminhos que, forte, tu segues,
Entre mares, cachoeiras, rios e caatingas.

Porque, por entre os teus mandacarus,
no meio da tua intensa caatinga,
também grita e sabe-se da mata Atlântica,
a dizer-nos que não és uma única sina,
a dizer-nos a tua glória.

No sertão que te cerca
e te faz menino
a galopar, pelos campos perdidos,
também se ouve os cânticos
da tua gente,
a festejar vida e alma temente.

Porque o teu povo busca
a força da fé,
Reergue-se, sempre,,
põe-se de pé,
Provando, na luta do dia-a-dia,
que, antes de tudo, forte tu és!