sábado, 11 de setembro de 2010

Canto

Ouço, em mim,
O canto aflito, escondido,
Persistindo em não se abrir,
Inspiração a querer fugir.

Difícil, num tempo sem beleza,
Permeado por tantas tristezas,
Encontrar razão para cantar,
Para o meu canto sorrir.

E o canto da própria dor,
De tanto, apenas na garganta, eclodir,
Vai-me, também, abandonando,
Escondendo-se, temeroso,
Passo a passo, a esvair-se.

Contudo, a este tempo tirânico,
A querer apagar-me o direito
De cantar e ser feliz,
De mostrar o que há de melhor, em mim,
Encaro e grito: Continuo, aqui!

E, com a alma em conflito,
Cercada pelo tempo triste, perdido,
Luto, a reestabelcer, num grito,
O sonho de ser o que eu sempre quis.

E, por entre preleções fingidas,
vazio e espaços sem fim,
Manifesto o meu canto, grito,
Àqueles que, também, cantam:
Sigam-me!

Desafio flechas velozes
do desamor, a me perseguir,
Acelero o meu olhar de águia, a voar,
Pois, na velocidade das minhas asas,
Não poderão me alcançar.

Alcançarei, então, as montanhas,
Ao emergir-me desse mar
E pousarei no lugar mais alto,
Outra vez, o meu sonho, em mim
A cantar, cantar e cantar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É...

É passarinho perdido,
calado até a aurora.
É música nos ouvidos,
sem querer ir embora

É sonho ficando,
premonizando, lá fora.
É canto encantado,
puxando a viola.

É, já, um coro gritante
"Vem, vamos embora"!
É a dor de tanta gente,
em minha dor que não se consola.

É desejo de desejar,
Todos os gritos gritar: "agora"!
É alma de poeta,
invadida a toda hora.

É asas agitadas,
abrindo gaiolas.
Voar?
"Vem, vamos embora"!