segunda-feira, 26 de julho de 2010

Inquietação


Inquieta-me
Inquieta-me essa onda vagante,
Inominável onda, mansamente trepidante,
Rasgando a quietude do meu ser.

Doi-me os passos indefinidos do nada,
impressos da onda, em mim.
A eternidade das buscas
sem encontro,
Das perguntas sem respostas

E os sorrisos de "tudo bem"
E os soluços do coração que não tem
Outra alternativa a não ser
no palco fixar-se.

E, diante das soluções insolúveis,
dos encantamentos
do meu tempo desencantado,
provavelmente ríem de mim
as ondas passantes,
ao me perceberem aflita
ante os gritos da noite.

E da fome dos bichos,
no lixo,
aparentes seres com vida,
sem chances de recomeçar.

Os risos que ecoam, em torno de mim,
me emudecem o sorriso,
julgado sem fim,
mas, ensina-me a me encontrar.

E as palavras que me soam
tão estranhas,
chocando o meu olhar,
levam-me à leitura plena,
de mim,
e me ensinam a me amar.

Inquieta-me ondas que galgam o meu ser
e, no tempo do não ser,
apresentam-me o ter,
e fazem-me querer
disto tudo me afastar.

Inquieta-me não poder encontrar o caminho
do sol,
o lugar das soluções permanentes,
o templo do perdão,
para, numa oração,
reacender todo o Bem,
ouvir a sua explosão
e o ápice contemplar.

3 comentários:

  1. Lindas são as inquietações do poeta, as natas de si. mas não são só elas. É verdade que coisas mundanas, como fome, violência, acabam por inquietar também e é importante sim, que nos deixemos inquietar. É o princípio para melhorar as coisas. beijos e parabéns

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  2. Parabéns Otelice,
    Parece que musa estimula os espírito a também clamar aos céus contra as injustiças da vida. Parece qua as dúvidas existencias também servem como mote para um paoesia inspirada e de qualidade como a tua. Abraços, JAIR.

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  3. Obg pela visita e pelo elogio! Tbm achei o seu cantinho maravilhoso e o q escreve muito bom...
    Vai ter q me aguentar aqui de vez enqdo agora!
    Fique com Deus.
    Bjs

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