sábado, 28 de fevereiro de 2009

Abra Coração!

Abra coração,
Deixa entrar a brisa morna
da esperança,
Acalento para a dor,
Consolo para a solidão.
Abra coração,
E deixa um raio de luz chegar.
Abra todos os cômodos,Desempoeire-os,
Limpa o cômodo frio e escuro
da tristeza
Abra as janelas,
Descerre as cortinas
Incense tudo,
deixa a esperança entrar.
Abra coração,
E deixa, em cada canto,
florescer lindas rosas vermelhas
A lembrar amor e paixão
Abra coração
E despeja o perfume
da alegria,
Expulse a saudade,
Deixa a felicidade entrar.




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Saudações

"...Saúdo todos os que me lerem
Tirando-lhes o chapéu largo...
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa..."
(Fernando Pessoa)

Ah, se...




Se eu buscasse todas as aves docéu,
Encontraria todos os voos perdidos,
Em plena estação
Que sempre estiveram prontos para voar
E que se perderam, na trilha
do espaço,
cercado por abraços
Qua não se afagaram,
Só fizeram retornar.
Se eu buscasse todas as flores
dos campos,
Perdidos, nas mãos do homem,
Ouviria gritos, soluços, desejos perdidos,
Sonhos contidos,
Murchando, secando,
Mas, teimando em perfume dar.
E por entre pedras escondidas,
Encontraria rosas, margaridas,
todas as flores escondidas
como que ao esconder-se
buscasse proteger-se,
querendo abrigo encontrar.
E se eu buscasse os animais,
perdidos, pelas ruas, maltratados,
Encontraria um pranto não revelado,
tudo quase humano.
Olhares de anumais.
Com certeza, as árvores entenderiam
O olhar infeliz do cão perdido,
O murchar tristonho das flores em pranto,
O voo mais alto das aves,
Distantes,
por já não terem onde pousar.
E se eu me encontrasse,
Assim, inoperante e ferida,
Diria ao mundo, num lamento,
Que choro, imploro em silêncio,
Estremeço e temo,
Por não saber encontrar,
Por não saber procurar,
Por não saber indicar,
Por não saber dizer, ao certo,
Onde é que o Amor está.
Há dias em que
Minh'alma fica cansada e chora.
Tem medo de falar.
Não ousa confessar o motivo
Da sua dor
Para que não aumente o seu chorar.
E finge
E sorri
Buscando forças em si mesma,
cata esperanças, no ar...
Mas Yaweh sabe
porque ela chora.
Sei que, um dia,
Ele vai minhas lágrimas enxugar.
E alcançarei prados verdejantes,
ensolarados campos
Acolhimento e muita paz
Entre os que me amam,
são, verdadeiramente, meus
E esperam por mim.

Qual é o nome?



Qual é o nome
do afago morno
que lhe envolve o corpo,
enquanto contemplas o entardecer?
Qual é o nome da brisa mansa
Que lhe molha o rosto,
Enche-lhe de gosto
E faz brotar cheiros de maçã?
Qua nome darás
Ao céu que te contemplas,
Abrindo-lhe portas,
Sorrindo-lhe estrelas,
Em cada anoitece?
E a este cheiro de verde
Que te lembras desejos,
Te retraz segredos
Guardados por entre relvas
botantes, nas manhãs?
É um nome que não se diz
Porque partiu-se, de repente,
Na memória do tempo
Feito gotas de orvalho,
Caindo no chão?
Ou é um nome esquecido,
No espaço perdido
Que vaga, por entre nuvens,
Respindando, gota a gota,
No teu triste coração?
Qual é o nome
Esquecido,
Distante, perdido,
no teu coração?
É vida? Ou ilusão?

Literatura: para quê?

A obra literária é simplesmente a obra completa que tenta nos completar.
A ela cabe não apenas "isto ou aquilo", mas o possível - ou impossível? - que pode extrair, explorar, analisar do "isto ou aquilo".
Na verdade, a literatura não objetiva apenas proporcionar deleite, prazer, entretenimento. Existem outras funções que são da literatura.
Por isso, o poeta, escrevendo em prosa ou em versos, tem um compromisso social. Tem o compromisso de cantar e fundir suas dores com as dores do mundo e, de alguma forma, denunciar as mazelas e as injustiças sociais do seu tempo.
Literatura, portanto, não se finaliza apenas em entreter, mas acima de tudo em transformação e construção histórica de um povo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Interrogação


Se eu atingir a plenitude do tempo,
Encontrarei o que procuro?
Ou ainda terei que mais caminhar,
mais caminhos atravessar
para encontrar?
Que lugares devo percorrer,
Que caminhos tenho que vencer
Para a resposta encontrar?
Que meios, tempo e distâncias
alcançados, des bravados
Poderão me responder?
Que sequências de espaços
Que ritmados passos
Permitirão encontrar-me
Sem ter de me perder?
Que respostas terei
Entre o tempo e o mundo
Que possam preencher
Esse espaço profundo,
Entre a inquietação infinda
E o sentido da resposta perdida
E o silêncio da pergunta não proferida?