A poesia veio me buscar
.Arrancou-me, doce e lenta,
do labirinto dos meus sonhos incompreendidos
e levou-me consigo,
sem dar-me chance alguma de retornar.
Antes, estava eu perdida.
Desconhecida de mim mesma
Não compreendia porque a dor canta,
o sorriso chora.
Não entendia o que, em mim,
se revolvia, a toda hora.
De repente,não sei como nem de onde,
A Poesia veio me raptar.
Surgiu como doce explosão, sem me avisar.
Encarou-me absoluta
Veio me raptar.
Desabrochou, então, em mim, o antes desconhecido
O sentido do sentir, o sentido do olhar.
Os impulsos, antes queridos, porém, não entendidos
E essa vontade de voar.
A poesia veio me buscar.
Ensinou-me a concretizar e aceitar o meu destino.
Seguir a minha sina de sorrir, falar, gritar, chorar lutar,
e, sempre, amar.
Apresentou-me, a mim, sorrindo
Ensinou-me que o Amor bonito, sempre, está a nos guiar.
E que essa onda que me invade, mistura de alegria e dor,
aceitação e indignação, sorrisos e lágrimas,
também se chama AMOR.
Desatei-me, pois, a correr, atrás desse mistério,
encontrando-me e me perdendo, para
voltar, depois, a me encontrar.
Porque a Poesia veio a mim se apresentar,
Falndo-me do grito contido e da força incontida
que luta em espalhá-lo, pelo ar.
E desse meu coração, em vontade de cantar.
E dessa onda gostosa, que me toma e me sufoca,
ao ouvir a sua música , no ar.
E a lágrima que rola, quando vejo ou escuto
o lamento solitário de colibris e sabiás.
E o voo medroso, ligeiro, dos bem te vis,
por mim a passar.
A Poesia veio me buscar.
Mostou-me que a ela pertenço
E que, neste mundo imenso, a ela devo escutar.
A poesia, pois, raptou-me.
De pronto, estendi-me indefesa, em seus braços,
como se estende o rio, em direção ao mar,
ciente do seu destino, de que não pode recuar.
Segue, assim, vagaroso e lento,
conformado,
no banho do vento,
por vezes intranquilo jamais desatento,
Segue, assim, como girassóis,
em atento e nítido olhar,
A eterna busca do chegar.