domingo, 6 de dezembro de 2009

Meu canto

Ouço em mim
O canto aflito, escondido,
Persitindo em não se abrir,
Inspiração a querer fugir.
.
Difícil, num tempo sem beleza,
Permeado por tantas tristezas,
Encontrar razão para cantar,
Para o meu canto sorrir.
.
E o canto da própria dor,
De tanto, da garganta, eclodir,
Vai-me também abandonando,
Escondendo-se, temeroso,
Passo a passo a esvair-se.
.
Contudo, a esse tempo tirânico,
A querer apagar-me o direito
De cantar e ser feliz,
De mostrar o que há de melhor, em mim,
Encaro e grito: continuo aqui!
.
E com a alma em conflito,
Cercada pelo tempo triste, perdido,
Luto a reestabelecer, num grito,
O sonho de ser, o que eu sempre quis.
.
E,por entre preleções fingidas,
vazio e espaços sem fim,
Manifesto o meu canto; grito
Àqueles que também cantam:
Sigam-me!
.
Desafio as flechas velozes
do desamor, a me perseguir,
Acelero o meu olhar de águia, a voar
Pois, na velocidade das minhas asas,
Não poderão me atingir.
.
Alcançarei, então, as montanhas,
Ao emergir-me desse mar,
E pousarei no lugar mais alto,
outra vez,
A cantar, cantar e cantar,
O meu sonho, em mim.

4 comentários:

  1. Querida amiga Otelice,

    Quanta profundidade com palavras tão simples. Essa sua capacidade de falar ao coração das pessoas me fascina.
    Sua poesia ou canto me faz sentir leve e querer sim, voar como águia.

    Obrigado por sua sensibilidade.

    João

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  2. Te admiro, eu queria saber escrever assim com sensibilidade e perfeição...
    Receba meu carinho e admiração!

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