És tua esta carta, sobre a minha janela?
Jogada assim, sem vestígios, parece-me não teres certeza do chegar.
Visitas-me, sempre, tão sorrateira, ora fazendo-te presença infinda, ora fugindo devagar, deixas sobre as marcas dos teus passos esse incerto querer, esse movimento balançante, entre o ir e o voltar.
Venha, não te acanhes. Aqui, tudo está tão triste... mas, venhas, sem pressa de voltar; venhas para ficar.
Fica comigo, fica; aqueça o meu coração, fala-lhe ao ouvido que tu vais ficar.
Tu tens percorrido caminhos vazios, não tens encontrado o pouso tranquilo, neste teu desejo tão corrente de prosseguir, de avançar; não tens recebido as boas vindas, o mundo parece já não mais te querer, assim como és, raio de luz, sol de todos os luares. Mas, venha!
Venha, Esperança amiga, pousa bem aqui, no meu coração e faze-me, outra vez, cantar.
É tempo de sorrir, de alegrar-se. Venha! É hora, venha!, é este o tempo de chegar.
Não desvies o teu caminho, não desistas da tua vinda; precisamos, mais do que nunca, te reencontrar.
Traze contigo o vento manso e, sobre ele, a Paz a nos saudar. Revista este tempo com a alegria da tua presença e dize-nos que , aqui, sempre estarás.
Esperança, amiga minha, é já Natal a chegar; mais um ano está indo embora e só tu podes reconstruir os sonhos,fortalecer os punhos, pular as barrreiras escuras, revigorar os corações cansados, acalmar as multidões agitadas, eliminar as tensões provocadas, para que, além dos sonhos, possamos a realidade reconstruir, os cantos abrir, a alegria replantar, sonhos novos construir, sonhos antigos , em paz, concretizar.