quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Verdade do Poeta

Estive pensando...
Estive a pensar em como metáfora, plurissignificação, termos intrínsecos na realidade do poeta se enlaçam e, por vezes, chegam a confundir e, confundidos, se lançam por entre caminhos inimaginários, desconhecidos até para o próprio poeta.
Quem pode, seguramente, declarar a verdade do poeta? Pensei na forma fantástica com que conotação e denotação se misturam e, podem até permutarem n, na mente do leitor. Mas...pensei: assim sendo, é permuta ou recriação? Porque também o leitor é um ser criador e co-participante a partir das leituras que faz sobre o texto que lê.
E, então, pensei novamente: É aí que se faz a beleza infinita da poesia. É aí que se encontra o poder incalculável da criação poética.è a fantástica capacidade do ser humano de - de alguma forma - criar e recriar, interpretar essa criação e o universo sem fim que o circunda.
Penso que a poesia é mágica. Atemporal, vai além de todas as fronteiras, ultrapassa o real, transpõe o tempo, vence barreiras mil para chegar e ser transformada, na mente daquele que a lê, em realidade viva, retrato de si mesmo ou de quem a escreve.
E pode ser assim. Afinal, o poeta é também influência do seu tempo e do seu mundo.Entretanto, precisamos, ao ler um texto, ter muito cuidado, estar atentos às metáforas utilizadas pelo autor, visto que as mesmas nem sempre são claras, e sendo metáforas, jamais objetivas.
O mundo constituído pelo poeta é sempre inverso ao da realidade que o circunda, embora para este sempre se transpõe.
A verdade do poeta está na imaginação. Aquilo que escreve é a sua verdade imaginária. Seu reino é o imaginário, subjetivo e é assim que expressa o que sente, no reino da ficção.
Como nos diz Fernando Pessoa, "o poeta é um fingidor". Fingir é a forma mais viável para encontrar a tradução de si mesmo e do outro.Em vez de procurar o objeto, faz objeto de si mesmo.
E o ambiente de que fala, as palavras que escreve, nada mais são do que um espelho no qual se mira, buscando a imagem desejada.

5 comentários:

  1. Adorei o texto!
    "Fingir é a forma mais viável para encontrar a tradução de si mesmo e do outro.Em vez de procurar o objeto, faz objeto de si mesmo."
    è uma grande verdade

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  2. Olá minha amada é sempre um encanto estar neste teu cantinho. Olha hoje tem happy hour na Ilha, estou te esperando para comer uma pizza e em seguida visitar o Ostra da Poesia, hoje é dia de seleção e tem poesia tua no páreo. Aparece e chama os amigos. Beijos no coração!

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  3. Olá Pró,
    Bons tempos, aqueles em que fui o seu pupilo. Você me ensinou a amar aprender e ensinar. Estou muito feliz em saber da sua nova empreitada na Internet. Parabéns e que Deus continue a lhe iluminar!
    Um forte abraço,
    Ex-aluno e eterno amigo Roberto Brandão.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Oi, Pró!
    Quanto ao texto, vejo nele espelho, retrato e paisagem. No primeiro, as imagens dependem, não somente do olhar do leitor, mas também da sua qualidade, se quebrado: nos mostra imagens deformadas; com grau: nos mostra algo que não perceberíamos sem as lentes.
    No segundo, temos nas palavras o retrato de várias realidades que nos remetem: a desigualdade, às injustiças, às reflexões, etc.
    As representações imagéticas advindas do texto, são as que mais mexem com as nossas emoções, pois revolvem as nossas mais recônditas memórias, remontando recordações já vividas.
    Parabéns pelo texto!

    Um forte abraço,
    seu eterno amigo Roberto Brandão.

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